Leo e Vanessa na China
Durante a conversão da maioria das pessoas ao cristianismo o primeiro desejo que se observa é o de levar o amor de Cristo às nações, mas com o passar dos anos o sonho parece se esvair com as ocupações da vida. Esse desejo, porém, não desapareceu dos corações dos pastores Leonardo e Vanessa Capochim. Existia uma vontade intensa de anunciar o evangelho às nações, só não sabia quando e onde.
Foi então que Deus surpreendeu o casal durante uma das orações matinais. O desejo colocado pelo Espírito Santo foi de ofertar quinze dias das férias para missões. A palavra China foi a primeira inspirada no coração do pastor Leonardo Capochim. A direção de Deus sobre os planos ministeriais foi repassada à esposa. A resposta dela para a solicitação foi simples e rápida: “Claro amor, iremos à China”.
Havia apenas o nome em mente, mas como ir à China? Como conseguir recursos suficientes? Deus começou a suprir as necessidades do casal. Enquanto livros de autorias do pastor Leo Capochim foram vendidos para custear a viagem, voluntários se ofereceram para ajudar nos gastos.
Poço artesanal construído pelo casal missionário
À medida que a verba estava sendo arrecadada, eles decidiram procurar a Secretaria de Missões da Lagoinha para obter informações sobre o lugar. E descobriram um casal de missionários que está há sete anos no país. Os missionários desenvolvem trabalhos nas escolas chinesas e auxiliam a população carente na construção de poços artesanais. Muitas pessoas decidiram pelo caminho de Cristo por meio do trabalho deles. A notícia do casal missionário mudou o rumo da viagem, o propósito passou a ser o de dar suporte em amor aos evangelistas.
Com o dinheiro em mãos, Leo e Vanessa pousaram em terras chinesas em janeiro de 2013. Embora a viagem tenha sido cansativa, o impacto cultural os deixou despertos. “A cultura é totalmente diferente da nossa. Muitas vezes a gente pensa que todo mundo tem alguma coisa parecida. Mas quando você chega à China parece que é outro mundo, é tudo muito diferente do que vemos por aqui”, diz Leo Capochim.
prato servido em uma das refeições
Pastor Leo conta algumas diferenças presentes na comida, nos hábitos higiênicos e nos costumes. “Em uma das casas que fomos convidados para comer, a galinha estava na panela com todas as partes internas, cabeça, pés e unhas. O gosto também é muito diferente da culinária brasileira”. O banheiro é outra peculiaridade da cultura asiática, pelo fato da população não possuir vasos sanitários, mas fossas.
Vanessa diz que a língua é também um empecilho que os missionários enfrentam. “Quando você vai a algum lugar onde o inglês ou até o italiano predomina, é mais fácil entender algumas palavras, na China você não consegue compreender nada do que falam e também não consegue ler uma palavra escrita. Tivemos muita dificuldade, até com os próprios missionários me senti limitada”.
Ao chegar a Yunnan, localizado a sudoeste da China foram surpreendidos com flashes fotográficos. Cada morador da china ou turista é monitorado pelo governo. Para isso, fazem uso de câmeras fotográficas nos limites de cada uma das cidades. O governo sabe quem entra e sai de cada um dos territórios.
Igreja Oficial do Governo
O controle também existe dentro das igrejas evangélicas, que na China se chamam Igrejas Oficiais do Governo. Nestas congregações é proibido ensinar qualquer informação relacionada ao Espírito Santo ou ao mundo espiritual. Os pastores são obrigados a enviar a pauta da pregação para receber aprovação da Prefeitura. Caso tenha alguma informação em desacordo com as regras, a palavra é censurada.
Com tantas proibições, o casal missionário (não pode ser revelado os nomes) que está no país há sete anos evangeliza a partir de métodos camuflados. Eles são professores de uma escola chinesa (o que é um milagre, já que a constituição não permite estrangeiros na educação da China) e organizam projetos sociais junto às aulas. Por meio da educação, eles transmitem ensinos bíblicos e auxiliam crianças carentes com uma escola de futebol.
Embora o casal tenha tido filhos na China, os filhos não são considerados chineses e, por isso, não usufruem de nenhum direito do país. Durante a gravidez de Maria (nome fictício da missionária) sofreu momentos delicados por não contar com assistência médica e apoio social do governo. Embora os dias sejam difíceis, João (nome fictício do missionário) afirma constantemente que é possível anunciar o evangelho porque o governo de Deus é maior do que o governo da China.
Culto cristão realizado na igreja local
Com esse ideal de que o governo de Deus é superior ao do país asiático é que muitas igrejas têm falado fervorosamente do amor de Cristo em locais mais afastados da capital chinesa. Nesses espaços, há liberdade do Espírito Santo sem o acompanhamento direto das autoridades políticas. A pastora Vanessa conta que muitos cristãos chegam a andar duas horas por dia para cultuar a Deus
Vanessa e Leo Capochim apoiaram o casal em oração e financeiramente. Foram comprados uniformes novos para a escola de futebol e uma verba extra para auxiliá-los financeiramente foi deixada na casa dos missionários. Reuniões foram feitas com outros missionários que atuam na China. Durante os encontros, Palavra de conforto e ânimo deixaram os evangelistas mais revigorados com a obra do Senhor.
“Temos um coração voltado para as nações. Não sabemos se iremos um dia morar em outra nação, mas temos convicção que enviamos e preparamos muitos missionários pelo Seminário Teológico Carisma. Com essa viagem tivemos ainda mais noção de que os missionários precisam e como precisam ser capacitados”.
:: Leonardo e Vanessa Capochim
Texto e degravação: Érica Fernandes





